O Clube do Choro da Bahia é um centro de referência, prática, ensino/aprendizado e pesquisa de música brasileira, em especial o choro. Coordenado pelo músico Juvino Alves, o Clube vem realizando um trabalho de resgate, transmissão e reconhecimento de instrumentistas e compositores e suas respectivas obras, proporcionando encontros de músicos da velha e nova geração, criando espaços para trocas no “fazer choro”. Dentre as atividades realizadas, estão: o Núcleo de Pesquisa em Música Brasileira; a Escola Aberta de Choro Cacau do Pandeiro, que atua na formação de músicos; a Roda de Choro, encontros musicais abertos ao grande público; e o projeto Cacau do Pandeiro, que pretende promover oficinas de pandeiro, mostras musicais, fórum cultural de choro, festival de choro da Bahia, entre outros.
Nome: Juvino Alves
Telefone: (71) 3334-0185
Endereço: Rua Almirante Barroso, 76, Rio Vermelho, Salvador/Bahia.
Bahia British Club
Clube do Bolinha
por Ronaldo Jacobina
Há 33 anos, o juiz aposentado e
ex-ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Luiz de Pinho Pedreira,
cumpre diariamente o mesmo ritual. Por volta das cinco horas da tarde, cruza a
porta de vidro do casarão de número 20 da Rua Banco dos Ingleses, no Campo
Grande. Lá dentro, o mestre Pinho Pedreira – como é tratado no recinto – se
despe das formalidades que norteiam o meio jurídico e saboreia, pausadamente,
uma taça de vinho tinto enquanto aprecia o pôr-do-sol
sobre a Baía de Todos os Santos. Com o olhar atento, inspeciona tudo
com a curiosidade de um menino. À medida que o sol vai desaparecendo no mar,
outros distintos cavalheiros vão chegando para mais um happy hour no Bahia British Club (BBC), um dos mais antigos da cidade (134 anos) e único reduto baiano exclusivamente masculino.
Alguns tomam assento no bar, outros disputam uma vaga para a disputa de uma
partida de dominó. Entre um gole e outro, a postura austera daqueles senhores
vai desaparecendo para dar lugar às brincadeiras e às discussões acaloradas
sobre os mais variados temas. Do alto dos seus 92 anos, Pinho Pedreira, o
presidente da entidade – mais conhecida como Clube
Inglês – circula com
desenvoltura pelos salões como faz há mais de 35 anos. O desembargador federal
aposentado, Gustavo Lannat, 66, deixa o bar e se dirige – com sua taça de vinho
– ao piano do clube. Habilidosamente, extrai do instrumento canções do
repertório popular brasileiro. O grupo silencia. Aplaude. A receptividade
empolga Lannat que solta a voz. Intermezzo. O popular cede lugar ao erudito.
Mais palmas. Como faz há 22 anos, o garçom Gilberto Rodrigues de Souza, 51,
acompanha atentamente a movimentação com a sua inseparável bandeja. Na cozinha,
as duas únicas mulheres que têm passe livre no clube (Nadir Bonfim, 55, e Nivalda
Almeida, 46) se esmeram para agradar aos exigentes paladares dos
"meninos", como costuma chamá-los. Para enganar o estômago dos mais
famintos, preparam sanduíches – cortados em pequenos pedaços. A turma devora
tudo. A conversa fica animada. O uísque e o vinho ajudam a elevar – em alguns –
a temperatura da prosa. Outros entram no ritmo embalados por suco de lima. As
brincadeiras ficam mais fortes. O mestre Pinho Pedreira ri timidamente das
piadas. Ele mantém o bom humor mesmo quando fica na berlinda. Reverenciado por
todos, revida de forma sutil às provocações. A sabedoria, adquirida nas mais de
nove décadas de vida, garante-lhe também essa habilidade. Os austeros senhores
agora parecem crianças endiabradas. Acabaram-se as formalidades. São todos
iguais nesta noite. "Aqui é o único lugar do mundo onde a gente pode
mandar um ministro para aquele lugar e não acontece nada", diz um dos mais
afoitos, referindo-se a alguns dos ex-ministros do Supremo Tribunal Federal
(STJ) que circulam por lá. A noite avança. Pinho Pedreira se despede depois de
provar uma das muitas receitas de sobremesa criada pela dupla de mulheres da
cozinha. Outros não arredam os pés.Recompõem os copos. Os segredos trocados
entre eles no balcão do bar são revelados. Viram piada. Eles não se incomodam.
Riem da própria irreverência. Não há o que temer. As histórias ficarão ali.
Essa é uma das regras.
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