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segunda-feira, 19 de maio de 2008

Trio Elétrico


A máquina de fazer alegria

No princípio era apenas o som. Depois de Dodô e Osmar, o Carnaval começou a contar com um novo personagem: o carro eletrizado que toca música enquanto roda pelas ruas da cidade.
E quem hoje em dia consegue imaginar a maior festa popular da Bahia sem o trio elétrico? Pois o invento que completa 52 anos no próximo carnaval, saiu das fronteiras da Bahia e extrapola o objetivo inicial.
Hoje, o trio é ingrediente indispensável em qualquer festa de largo, comícios, e, por que não, em aniversário - de municípios, por enquanto! Músicas como Pombo Correio, que teve os primeiros acordes tocados em cima do primeiro trio, viraram sucessos nacionais.







O trio elétrico de hoje é descendente da Fobica, um calhambeque com dois alto-falantes criado pelo radiotécnico Adolfo Nascimento e pelo mecânico Osmar Macedo no Carnaval de 1950. O Ford ano 1929 - conhecido como "bigode" - que era usado para transporte de ferro na oficina de Osmar Macedo, recebeu pintura imitando confetes e ainda pode ser visto na Casa do Som, museu da música baiana que funciona no Parque do Abaerá.
Um detalhe faz a história do trio elétrico ainda mais bonita: o único objetivo do invento foi dar mais alegria à festa de rua de Salvador, e prova disso é que os pais nunca patentearam o carro de som eletrizado.
No Brasil, a marca é considerada de domínio público.
A idéia surgiu da vontade de levar para as ruas de Salvador o efeito produzido pelo autêntico frevo em Pernambuco, que encantou a dupla durante uma apresentação do Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas do Recife, na Bahia, a pedido do Governador Otávio Mangabeiras. Uma multidão seguiu o som do frevo da bandinha do Campo Grande até a Rua Chile, voltando pela Avenida Carlos Gomes até o Palácio da Aclamação, onde a apresentação acabou. Isso aconteceu na quarta-feira antes de Carnaval. No mesmo dia começou a transformação do velho Ford em carro elétrico. Depois do trabalho de pintura e instalação elétrica dos dois alto-falantes, o primeiro trio elétrico estreou no domingo do carnaval do ano de 1950.

Mal vindo?
O primeiro desfile do trio elétrico de Dodô e Osmar foi recebido com vaias de um lado e aplausos do outro.
É que a estréia da fobica de Dodô e Osmar aconteceu às 17h do domingo de Carnaval do ano de 1950, durante o desfile do bloco dos Fantoches da Euterpe, cuja diretoria, de fraque e cartola, pediu para que a "dupla elétrica" desligasse o carro de som. Quando eles obedeciam, a multidão pedia que voltassem a tocar as marchinhas de frevo. Resultado: venceu a turma do "quero mais" e a fobica elétrica, com os músicos tocando os chamados "paus elétricos", um violão e um cavaquinho, que depois seria chamado guitarra baiana, levantou a poeira das ruas até a terça-feira.
Dirigida por Olegário Muriçoca, o primeiro motorista de trio do mundo, e acompanhada por uma pequena multidão, a fobica foi abrindo espaço na avenida em direção à Praça Castro Alves, onde haveria mais espaço para tocar.
Estava criado também o frevo baiano, uma mistura entre o verdadeiro frevo pernambucano e a marchinha carioca, como definiu Caetano Veloso. O som saía de duas cornetas, uma instalada na frente e outra atrás. Numa faixa na parte externa, estava escrito: "A dupla elétrica". No chão, um grupo de músicos tocava caixa, surdo, bumbo, pandeiro e prato, acompanhando a marcha lenta da fobica.
Naquela época, o Carnaval de Salvador em nada lembrava a festa popular de hoje.
A brincadeira no centro era apenas um desfile de fantasias ao som de marchinhas lentas, assistido por pessoas nas calçadas.
Algumas chegavam a levar as cadeiras para descansar entre a passagem de um bloco e outro.
O surgimento do velho calhambeque pilotado por dois jovens tocando instrumentos esquisitos foi mais que uma revolução: cadeiras guardadas, a folia nunca mais foi a mesma.
No ano seguinte, a fobica voltou às ruas, mas com alguns avanços: o velho Ford foi substituído por uma camionete com oito alto-falantes e iluminação fluorescente e a dupla elétrica ganhou mais um integrante, o violonista Temistócles Aragão, além de muitos fãs.
O trio montado sobre uma picape Chrysler, que tinha nas laterais a inscrição "O Trio Elétrico", revolucionou definitivamente o Carnaval baiano.
Na cronologia da história do Carnaval, uma coisa é certa: o trio elétrico e a guitarra baiana foram o pontapé inicial para que a festa popular na Bahia chegasse hoje ao grande evento mundial que é. Mesmo com a saída de Aragão, o nome que pegou para o carro foi o de trio mesmo.
Nos anos de 1985 e 1986, intermediado pelo escritor Jorge Amado, o trio elétrico de Dodô & Osmar foi à França, onde arrastou mais de cem mil pessoas nas ruas de Toulouse, cidade localizada ao sul daquele país.
Além da Franca, o trio elétrico de Dodô & Osmar fez Carnaval na Itália, Suíça e México.
Outros trios diversos, montados dentro e fora da Bahia, viajam todos os meses do ano pelo Brasil e o mundo levando a música baiana além fronteiras. Como disse um dia Caetano Veloso, "atrás do trio elétrico, só não vai quem já morreu".

Os filhos da FobicaDa velha Fobica até os modernos trios elétricos que animam os carnavais de hoje em dia, a trajetória é de sucesso e tecnologia.
O primeiro grande passo aconteceu em 1958, com a criação do Trio Tapajós, pelo carnavalesco Orlando Campos. Com ele, a estrutura dos trios foi redimensionada: as carrocerias passaram a ser grande e o aspecto alegórico dos carros foi ressaltado.
Outra grande mudança que ficou foi a introdução do microfone, inicialmente usados para fazer anúncios de achados e perdidos. Orlando Campos foi também o inventor da Caetanave, que no fim dos anos 60 e início dos 70, fez uma homenagem a Caetano Veloso, recém chegado do exílio. O carro tinha forma de foguete espacial, alto-falantes em todos os lados e era cercado de lâmpadas coloridas. A Caetanave entrou na Praça Castro Alves, em 1972, tocando Chuva, suor e cerveja e com Gil, Gal, Bethânia, Dodô e Osmar fazendo coro.
Seguindo as mudanças introduzidas por Orlando Campos, os trios atuais estão cada vez mais modernos. No começo dos anos 80, o bloco Traz os Montes montou um trio com equipamentos transistorizados, ar-condicionado, retirou as bocas dos alto-falantes e instalou caixas de som retangulares, com colunas de caixas de som que destacavam a voz do cantor e projetavam longe a música.
Em cima, a novidade foi uma banda com bateria, cantor e outros músicos no caminhão. No ano seguinte, o bloco Eva trouxe engenheiros dos Estados Unidos com a missão de remodelar o sistema de sonorização.
Os investimentos em melhorias deu início à profissionalização do carnaval.
Os novos trios são equipados com coisas que nem Dodô nem Osmar sonharam. Os grandes trios são munidos até de computadores para afinar os instrumentos e regular o volume de som. Trata-se de uma estrutura metálica pesando 15 toneladas, com quatro metros de altura por 3,5 de largura e 25 de comprimento, em média. Chega a ter potência para iluminar uma cidade de mil habitantes.
Por dentro, ninguém imagina, mas tem escadas, camarim, elevador, circuitos de som e de luz. Eles encabeçam blocos que chegam a reunir de 400 a três mil foliões, e geram mais de mil empregos diretos durante o carnaval, entre músicos, garçons, cordeiros e até médicos. Geralmente são hoje acompanhados de carros de apoio, oferecem aos foliões, além da alegria, banheiros cada vez melhores, assistência médica, bares e lanchonetes. A história é recriada a cada fevereiro.

História preservadaBoa parte de todas essas histórias estão preservadas em um livro lançado 50 anos depois da invenção do trio elétrico. O trabalho é do professor universitário e doutor em Literatura, Fred Góes, e foi lançado em fevereiro de 2000, nas comemorações do cinqüentenário da invenção de Dodô e Osmar.
Trata-se de um resgate histórico de cinco décadas de carnaval, através de pesquisa, depoimentos e fotografias, feito com patrocínio da Copene, e editado pela Corrupio. O livro "50 anos de trio elétrico" é a segunda obra do autor sobre o tema. Em 1982, ele lançou O país do carnaval elétrico, cobrindo o período de 1950 até começo dos anos 80.
O livro narra desde a invenção baiana até as transformações técnicas e estéticas determinadas pelo trio elétrico. Estão lá registrados o aparecimento do trio Armandinho, Dodô & Osmar, em meados dos anos 70; como Moraes Moreira foi o primeiro a cantar em cima de um trio, dentre outras curiosidades, Para a pesquisa, o autor ouviu parentes de Osmar Macedo e Dodô, entrevistou artistas como Moraes Moreira, Paulinho Boca de Cantor e Baby do Brasil, que ainda nos anos 60 puseram voz no trio elétrico.
Curiosidades
Ainda jovens Dodô e Osmar se conhecem na Península de Itapagipe e começam a tocar juntos no conjunto musical Três e Meio. Osmar tocava cavaquinho e Dodô, violão. O grupo de choro se apresentava no Tabaris, ponto de encontro dos boêmios da Praça Castro Alves.
Em 1959, Dodô & Osmar tocam no carnaval de Recife. Desafiados pelo maestro Nelson Ferreira, autor dos frevos de maior sucesso do repertório do Trio Elétrico nos anos 50, os baianos colocaram, sem grande dificuldade, uma multidão nas ruas da capital pernambucana.
Em 1960, o trio elétrico Dodô & Osmar deixou de sair no carnaval de Salvador, uma vez que os dois se dedicaram ao exercício da profissão, o que não combinava com o Carnaval, que era considerado uma diversão.
Armandinho, filho de Osmar, começou a seguir os passos do pai aos 10 anos, e levaria o nome de Dodô & Osmar no trio mirim projetado pelo pai.
O trio ficou famoso no Brasil inteiro quando Caetano Veloso gravou o Frevo do Trio Elétrico, de autoria de Osmar, despertando a atenção da mídia de todo o país para a invenção baiana. Outro clássico de Caetano, Atrás do Trio Elétrico, impulsionou, de forma decisiva, o retorno do trio de Dodô & Osmar às ruas.
Em 1975, ano do Jubileu de Prata do Trio Elétrico, Dodô & Osmar voltam a sair às ruas de Salvador e gravam o primeiro disco, Jubileu de Prata. O último disco do trio elétrico presenciado por Osmar, Estado de Graça, foi gravado em 1991.
O pai do trio elétrico é um repórter francês, de nome Remir Colaponca, pelo menos no registro. Ele pediu autorização a Osmar para ser representante do Trio Elétrico na França, em 1990. Com o documento assinado por Osmar, o francês registra o nome Trio Elétrico em seu país.

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