Serviços

Organizamos o roteiro desejado, providenciando:
Traslado até o local (ida e volta).
Informações sobre o local.
Levantamento de preços e horários disponíveis.
Tours fotográficos por ruas, prédios históricos, praias, cidades próximas, feiras e áreas de interesses.
Passeios individuais ou com grupos.
Envie-nos um e-mail e verifique a disponibilidade. waltsonraylan@globo.com




quarta-feira, 21 de maio de 2008

Casa Branca

Templo Iorubá

Casa Branca representa símbolo da resistência da tradição dos reinos de Ketu e Oyó.A guerra contra os daomeanos fora, literalmente, longe demais.
Escravizadas na terra-mãe, princesas e sacerdotisas africanas, do país iorubá, acabaram vindo parar na Bahia, acorrentadas como animais.
Foi assim que Iyá Akalá, Iyá Adetá e Iyá Nassô, nomes preservados pela tradição oral, teriam migrado para o Brasil.
Mais tarde, fundariam, na Bahia, a Casa Branca, o mais antigo templo de culto africano do país.
Começava assim, no século XVIII, em Salvador, primeira capital da colônia portuguesa, no bairro da Barroquinha, a religião dos orixás.
Hoje, o terreiro comandado por Altamira Cecília dos Santos, a mãe Tatá, é símbolo de resistência, fora da África, dos reinos de Ketu e Oyó.
Matriarcado ancestral
Princesas e sacerdotisas africanas plantaram na Bahia o axé do terreiro mais antigo do Brasil
A Casa Branca representa o ponto de partida da fascinante história sobre a origem do candomblé no Brasil.
Os traficantes e senhores talvez não soubessem, mas naqueles navios negreiros, acorrentadas como animais, viriam verdadeiras princesas e as mais importantes sacerdotisas africanas do país iorubá, escravizadas durante a guerra contra os daomeanos.
Mas já durante a longa travessia do Atlântico, e também ao desembarcar, as nobres matriarcas foram reconhecidas e veneradas pelos seus conterrâneos.
Com sua sabedoria ancestral, elas iriam reconstituir na Bahia os locais sagrados destruídos na terra-mãe.
E, em pleno centro da capital baiana, fundariam a mais antiga casa de culto africano do Brasil.
A tradição oral preservada pelos iorubás aponta o nome de algumas mulheres como sendo as criadoras da Casa Branca, hoje situada no Engenho Velho da Federação, Iyá Akalá, iyá Adetá e iyá Nassô são os mais citados.
Mas alguns detalhes se perderam com o passar dos séculos e nem mesmo os atuais representantes da casa sabem ao certo quem de fato foi o principal personagem dessa história. No entanto, alguns depoimentos de velhas senhoras do candomblé, registrados por pesquisadores que se dedicaram ao estudo das religiões africanas na Bahia, deixaram pistas que podem contribuir para a revelação do mistério que envolve a fundação do terreiro.


O etnólogo Edison Carneiro, que conviveu com antigas mães de santo da velha tradição iorubá, revela o nome das três mulheres, sem, no entanto, identificar qual delas de fato foi a fundadora do terreiro e se atuaram ao mesmo tempo ou se sucederam no poder.
Vivaldo da Costa Lima, inspirado pelo depoimento da célebre mãe Senhora, do Ilê Axé Opô Afonjá (fundado em 1910), sugeriu que iyá Akalá era mais um título, um "oiê", de iyá Nassô. Pierre Verger, com base no depoimento de mãe Menininha do Gantois (fundado em 1890), não cita o nome de Iyá Adetá e se refere a iyá Akalá como sendo a primeira mãe-de-santo da Bahia, que seria substituída por iyá Nassô.
Para complicar ainda mais, Verger cita um novo nome, Iyalussô Danadana, que teria vindo de Ketu para introduzir o culto a Oxóssi na Bahia.
Por fim, há a versão de Roger Bastide, outro etnólogo estudioso das religiões africanas.
Segundo ele, a mãe de Iyá Nassô havia sido escrava no Brasil e depois de alforriada voltou para a África, onde a concebeu. Anos mais tarde, Iyá Nassô teria vindo da Nigéria acompanhada de Marcelina Obatossí, sua sucessora na Casa Branca, com a missão de fundar um candomblé em Salvador.
Após 21 anos de pesquisas, o antropólogo Renato da Silveira, autor de artigos sobre a fundação dos terreiros mais antigos da Bahia (e com um livro no prelo sobre a Casa Branca), lança um pouco de luz nessa história até então bastante obscura.
Tudo teria começado ainda no país iorubá, no reino de Ketu, durante o governo do Alaketu, Akibiohu, entre 1780 e 1795. De lá vieram alguns integrantes da família real Arô, aprisionados pelos daomeanos na cidade de Iwoye (Iuó-iê), junto com um grupo de cerca de 200 escravos. Entre eles, estavam importantes sacerdotes e também duas princesas, gêmeas, com cerca de 9 anos de idade. Eram netas do Alaketu. Uma delas, Otampê Ojarô - que recebeu o nome cristão de Maria do Rosário Francisca Régis -, foi a fundadora do Terreiro do Alaketu, no Matatu de Brotas, e certamente participou dos rituais de fundação da Casa Branca.
Reza a lenda que, ao atingir a maioridade, a princesa foi alforriada pelo próprio Oxumarê, na figura de seu proprietário.
Mas, segundo Renato da Silveira, ela era ainda muito jovem quando o terreiro da Barroquinha foi fundado e uma outra sacerdotisa deve ter iniciado os fundamentos de Oxóssi, iniciando a soberania de Ketu na Bahia.
Conforme Silveira, iyá Adetá teria sido a sacerdotisa da linhagem Arô a fundar a primeira versão do candomblé baiano, em um culto quase que doméstico a Odé (o caçador, um dos nomes de Oxóssi) e Exu (o orixá mensageiro).
Isso teria acontecido não nos fundos da Igreja da Barroquinha, onde mais tarde seria criada a Casa Branca, mas na Rua da Lama (atual Visconde de Itaparica), uma das travessas do bairro próximo à região central de Salvador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe o seu comentário, retornaremos em breve.