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quinta-feira, 8 de maio de 2008

Memorial Irmã Dulce


A frase saiu arrastada da garganta.
- Irmã, não me deixe morrer na rua - ele implorou mais uma vez.
- Meu filho, eu não tenho onde colocar você. Isto aqui é um posto médico.
Irmã Dulce procurava na mente uma outra frase para tentar explicar ao pequeno jornaleiro agonizando à sua frente, com malária, que não tinha condições de abrigá-lo, mas não encontrava palavras para uma explicação que o seu coração mostrava ser totalmente descabida.
Um nome então saiu espontaneamente dos seus lábios: Ilha dos Ratos, um lugar próximo ao posto médico em que trabalhava, onde existiam casas abandonadas.
Ela sabia que talvez o esforço para socorrê-lo fosse inútil, diante do estágio já avançado da doença.
Mesmo assim, não poderia ficar indiferente à dor daquela criança e decidiu lutar contra a febre, a fome, contra o desespero que se expressavam nos lábios trêmulos daquele menino.
- Venha comigo, meu filho.O seu olhar e a paz transmitida pela sua voz trouxeram uma nova esperança para o pequeno jornaleiro.
Irmã Dulce o levou pelas mãos até a Ilha dos Ratos. As casas estavam de fato vazias, mas as portas muito bem trancadas.
- Moço arrombe esta porta, por favor - disse para uma banhista que vinha passando.
- O que é isso irmã, a senhora ficou doida? Isto tem dono!
- Eu sei moço. Mas arrombe esta porta. Por minha conta.
- Não sei não irmã...
- Este menino está morrendo. Ele bateu à minha porta na esperança de ser atendido. Deus não atende a todos nós? Não é Ele quem nos dá o ar, a luz, a saúde? Ele recusa alguma coisa quando pedimos com fé, com esperança? Como vamos recusar um pedido de nosso semelhante, do nosso próximo?
A porta foi arrombada e Irmã Dulce acomodou o menino. Em seguida saiu e voltou logo depois, trazendo uma lamparina de querosene, leite e biscoitos e Florentina, uma conhecida que morava nas redondezas e que, a seu pedido, passou a noite tomando conta do pequeno enfermo.
O pequeno jornaleiro seria apenas o primeiro doente recolhido nas ruas, acolhido por Irmã Dulce.
No dia seguinte ele foi buscar uma velha mendiga que estava morrendo de câncer sob uma tamarindeira. Depois, um tuberculoso e em pouco tempo, dezenas de doentes estavam abrigados nas casas da Ilha dos Ratos.
Para alimentá-los, a jovem freira saia de porta em porta, recolhendo comida.
Algum tempo depois, foi expulsa das casas. Iniciou então uma peregrinação com os seus doentes, que se estendeu por vários anos, até 1949.
Primeiro, ela os levou para os arcos da Igreja do Bonfim, mas teve novamente que sair, dessa vez por ordem do prefeito. Foi para o Mercado do Peixe e novamente foi expulsa. Ficaria na rua com os seus doentes? Ela, então, lançou mão de um último recurso: foi à superiora da sua congregação e lhe pediu para abrigar os doentes no galinheiro do convento.
Não sem relutância, a madre concordou desde que Irmã Dulce encontrasse uma solução para as galinhas.
Em pouco tempo, o galinheiro estava limpo, colchões espalhados pelo chão e os 70 doentes abrigados. A madre superiora retornou e elogiou o empenho de Irmã Dulce. Antes de ir, perguntou pelas galinhas:
- Estão todas muito bem, na barriga dos meus doentes.O albergue improvisado no galinheiro do Convento Santo Antônio, da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição Mãe de Deus foi o início da grande obra de fé erguida por Irmã Dulce, uma das primeiras organizações não governamentais do país, que conquistou o respeito e a admiração de todos os brasileiros.



Uma exposição permanente guardando o legado de amor e caridade de Irmã Dulce. Assim é o Memorial Irmã Dulce, inaugurado em 1993, um ano após a morte da freira.
A cada ano, cerca de 20 mil pessoas visitam o local, situado num prédio anexo ao Convento Santo Antônio na sede da OSID, em busca da memória de Irmã Dulce.
O hábito usado por ela, fotografias, documentos e objetos pessoais podem ser vistos no Memorial, que ainda preserva intacto, o quarto de Irmã Dulce, onde está a cadeira na qual ela dormiu por mais de trinta anos por conta de uma promessa.
Outros fatos marcantes da vida da religiosa são lembrados através de maquetes, livros, diplomas e medalhas. Entre as peças do acervo, está a imagem de Santo Antônio, do século XVIII, pertencente à família de Irmã Dulce, diante a qual ela costumava rezar.
Nas Obras Sociais, ela costumava apresentar o santo aos visitantes como o "tesoureiro da casa". A visita ao Memorial se estende ao túmulo de Irmã Dulce, localizado na Capela do Convento Santo Antônio. Parte integrante do Memorial, o núcleo de Memória da OSID reúne hoje um acervo de mais de nove mil peças, ajudando a preservar e manter vivos os ideais de Irmã Dulce.

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